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Reticências

marcam uma suspensão da frase, muitas vezes a elementos de natureza emocional. Indica um pensamento ou ideia que ficou por terminar e que transmite a omissão de algo que podia ser escrito, mas que não é. (...)

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Teresina, 18 de julho de 2011





Maria, 


Vou deixar de lero. Gostei da carta, gostei da visita, da companhia, da tarde e de tu ter pago a conta. Não precisa pedir desculpas por nada. É verdade o que dizem por aí sobre amigos servirem pra 'isso'. É bem verdade também que muitas coisas entre nós duas deixaram de acontecer, mas é isso, né? A vida tá aí fora, acontecendo. Mas nada que uma carta não resolva.
Maria, eu ando...quer dizer, eu tô bem. Na medida do possível. Me falta alguma coisa que eu não sei o que é, mas eu vou aguardando. Meu coração tá aqui, apertadinho. Que bonito isso, eu usando diminutivo.
     Aconteceu uma coisa, um dia desses, mas eu jurei não tocar mais no assunto. Mas como eu, às vezes não respeito minha própria palavra, te conto qualquer dia ou em qualquer carta.
O passado passou e é bom lembrar algumas coisas e outras não. Eu tento esquecer algumas, outras já esqueci. Valeu muito te conhecer, acho que já te disse isso. O nosso passado juntas no fim de tudo foi bom. Já parou pra pensar se tudo o que passou não tivesse acontecido? Como seria o hoje? Melhor? Pior? Ninguém nunca vai saber. Melhor que o passado é o presente e melhor que o presente é ser presente, pra que exista um futuro de nós. Entende? Aparece mais. Vem me visitar mais vezes. Me manda mais cartas.
      Eu me faço de durona, né? Eu tento. Tá dando certo? Espero que sim. Eu tô a seriedade em pessoa nessa carta, né? Tô caindo pelas tabelas aqui, morrendo de sono. Esse meu sono irregular ainda vai me matar. Sou de peixes e dizem que quem é desse signo é a última encarnação, mas se mudarem de ideia e me mandarem de novo, que seja com sono regrado, sem insônia. É tão bom quando a gente encosta a cabeça no travesseiro e dorme, não dá tempo nem pra pensar besteira.
     Eu não tô filtrando as loucuras que tão vindo no meu pensamento, vou escrevendo.
Adiei o término da carta, cá estou, uns quatro dias depois continuando o que comecei. Saí pra beber, pra sorrir, pra abraçar uns amigos e por fim, pra fazer besteira. Talvez não nessa ordem.
     A gente nunca pensa direito antes de fazer ou falar alguma coisa, né? Oremos pra Santa Paciência e pra Santa Razão. Um dia me abençoarão.
     Eu e meus detalhes. Porque eu acho que o tamanho da lua faz sim toda a diferença na conversa que um casal desconhecido tá tendo do meu lado. Tem nada a ver.
     Preciso de férias. Muito. De tudo. Levo essa vida muito devagar, quase parando. Ela já acaba e eu ainda não corri atrás de nada do que quero, nem de quem quero.
Aparece mais. Vem me visitar mais vezes. Me manda mais cartas.

Um abraço apertado, 


Jéssica.

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